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Registro Nacional do Câncer permite conhecer a doença para combatê-la

Estatística

Registro Nacional do Câncer permite conhecer a doença para combatê-la

Preenchimento correto dos prontuários é importante para gerar dados sobre a doença e permite apontamentos de políticas públicas e novos estudos

O Registro Nacional de Câncer faz parte de uma estratégia do Ministério da Saúde para melhorar a atenção oncológica. A partir da portaria N° 741, de 19 de dezembro de 2005, foram instaurados dois sistemas de registro nacionais para o câncer: o Registro de Câncer de Base Populacional (RBCP) e o Registro Hospitalar de Câncer (RHC).

O RBCP coleta dados de uma população com diagnóstico de câncer de uma região, enquanto o RCH coleta dados de todos os pacientes atendidos em determinado hospital com suspeita ou confirmação da doença. Os dados são encaminhados ao Instituto Nacional do Câncer (INCA), órgão do Ministério da Saúde, que produz as estatísticas.

A professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG e coordenadora do projeto de extensão Registro Nacional do Câncer, Maria Aparecia Martins, fala o que representa o registro:

“Essa portaria foi muito importante, porque a partir dela os registros hospitalares foram criados e os dados encaminhados para o Inca. O RHC possibilita, cada vez mais, o conhecimento, com melhora das notificações nas instituições, da doença no país. Nós já sabemos que há alguns tipos mais frequentes, de acordo com dados mundiais: o câncer de pele não melanoma é o mais comum na nossa população. Nas mulheres, o mais comum é o de mama, já no homem é o de próstata e nas crianças são as leucemias. Esse conhecimento é dado a partir dos registros hospitalares de câncer”.

É importante que os fatos sejam conhecidos não só pela comunidade acadêmica, mas também pela população em geral e pelo poder público. Já que, a partir desses dados, podem ser pensadas ações de atenção oncológica, como o caso do Outubro Rosa e o Novembro Azul, que alertam para a prevenção dos cânceres de mama e de próstata, respectivamente. No Hospital das Clínicas da UFMG, o Registro Hospitalar de Câncer começou a ser utilizado em janeiro de 2006. Maria Aparecida explica o que o registro representa uma forma de criação de armas contra a doença:

“Nós sabemos que o câncer hoje representa a segunda causa de morte, tanto em paciente adulto como em criança. E tem cada vez mais aumentado a incidência de câncer no mundo. Então é importante que, por meio dos registros hospitalares de câncer, esses conhecimentos sobre o câncer, sua epidemiologia, os fatures de risco e as medidas de prevenção, sejam conhecidos não só pela academia e comunidade, mas também pelo poder público, que poderá investir em políticas públicas de atenção oncológica”.

O preenchimento correto dos prontuários médicos é fundamental, já que eles são a principal fonte de informação para os Registros Nacionais de Câncer. A ocupação do paciente, histórico familiar e maus hábitos, como tabagismo e alcoolismo, são citados pela professora como informações relevantes no quadro da doença:

“O que nós temos observado é que os prontuários são muito incompletos, às vezes faltam dados importantes, como histórico familiar. E muitas vezes a gente não consegue nem ler o que está escrito, principalmente se os prontuários não forem eletrônicos. Por isso, é muito importante o médico, o aluno e o professor garantirem o preenchimento correto e completo dos dados no prontuário”.

Maria Aparecida coordena o projeto de extensão “Registro Hospitalar de Câncer: uma estratégia na atenção oncológica”. A professora conta que, além dos alunos participarem vigilância da doença, acompanhando pacientes e preenchendo formulários da forma correta, eles também participam de atividades junto à comunidade.

“No projeto de extensão sobre o registro hospitalar de câncer que funciona no HC, além dos alunos participarem da vigilância oncológica, eles participam também de atividades sociais educativas na comunidade. Na Oncorrida, por exemplo, chamamos a atenção da sociedade para a importância de evitar o sedentarismo. Temos também o Projeto Um Fio, Um Sorriso, de doação de cabelos para confecção de perucas para pacientes”.

A professora enfatiza que, para se combater uma doença, é preciso conhecê-la. A pesquisa acadêmica e a sistematização de dados sobre o câncer são pertinentes para se pensar em fatores de risco, epidemiologia e genética que por sua vez permitirão considerar novas estratégias de prevenção e formas de tratamento do câncer.

O acesso aos dados Registro Nacional do Câncer são de domínio público e podem ser acessados através do portal do INCA. Outras questões sobre o câncer, como o que causa, formas de prevenção e novas formas de tratamento foram destaque da série “Desmistificando o câncer”. A série, produzida pelo programa de rádio Saúde com Ciência, foi ao ar entre os dias 26 a 30 de novembro deste ano.

(Com Faculdade de Medicina)