Detalhes da notícia Detalhes da notícia

Voltar

Acidentes com animais peçonhentos: como evitar erros comuns

Verão

Acidentes com animais peçonhentos: como evitar erros comuns

Escorpiões, aranhas e lagartas podem aparecer com mais frequência nesta estação

Durante o verão, nem mesmo os animais peçonhentos dão conta das temperaturas lá nas alturas e saem em busca de locais para se resfriarem. O calor também aumenta o metabolismo, deixando-os mais ativos e mais propensos a saírem dos abrigos para se alimentarem. É nessa época que algumas visitas indesejadas costumam ocorrer, tornando mais comuns casos de acidentes com aranhas, lagartas e escorpiões. Em Belo Horizonte, por exemplo, 16% dos acidentes com aranhas foram somente no mês de janeiro, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. Nessas horas, saber como agir pode fazer toda diferença no tratamento.

Intervenções inadequadas, como fazer torniquete (amarrar o local), sugar o ferimento com a boca e usar receitas caseiras, como passar pó de café e terra, além de não terem efeito, podem causar danos ainda maiores. “O torniquete pode levar a necrose, uma vez que o veneno vai ficar preso no local, o que acelera o processo.  E ninguém consegue tirar o veneno pelo buraquinho da picada, que é muito pequeno”, explica o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, José Carlos Serufo.

Já outros tipos de intervenções, de acordo com o professor, só atrasam para o que realmente interessa: procurar um hospital de referência mais próximo o mais rapidamente possível. “Não existe nenhum milagre”, alerta José Carlos Serufo. “O que funciona são soros específicos, que precisam ser avaliados de acordo com cada uma das situações”, completa. 

Vale lembrar que muitos desses acidentes acontecem porque a população também fica mais exposta nessa época, ao frequentarem trilhas e proximidades de matas. Serufo esclarece que para cada região existe uma rede de distribuição de soros, conforme as espécies mais comuns do local. “É sempre conveniente a pessoas identificar o animal, o que facilita o tratamento. No caso do escorpião é mais fácil, porque as pessoas já conhecem”, pondera.

Na capital de Minas, o estoque regular de antivenenos se encontra no hospital João XXIII.

Escorpião

Em 2018, foram registrados 753 acidentes com escorpião na capital mineira, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde. O envenenamento pelo animal causa dor local intensa, que se irradia por todo o corpo. A picada pode provocar também inchaço, vermelhidão e outros sintomas como sudorese, vômitos e agitação.

O inseto, de hábito noturno, se abriga em frestas de paredes, embaixo de caixas, papelões e pode ficar meses sem se movimentar. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, o uso de inseticida provoca o desalojamento do animal, o que aumenta sua aparição e o risco de acidentes. Por isso, alguns cuidados são necessários. 

Não são todas as espécies

Nem todas as aranhas e lagartas são peçonhentas. “Espécies como as aranhas caranguejeiras e outras que a gente vê na grama, não trazem nenhum risco e até ajudam, pois são caçadores de insetos e ratos. Sempre digo para que não matem os animais”, enfatiza José Carlos Serufo.

Entre as lagartas, a que representa maior risco para a saúde pública é a Lononia, pois pode ocasionar acidentes graves e até mesmo mortes pela inoculação do veneno. As “queimaduras” provocadas por lagartas, geralmente, têm evolução benigna, isto é, sem agravos.

Cuidado com o lixo

O professor da Faculdade de Medicina, José Carlos Serufo, alerta que o acúmulo de lixo, restos de entulhos e pilhas de telhas e madeiras no terreno são abrigos certos para animais peçonhentos. Por isso, a importância de manter os ambientes limpos.

É possível fazer pedidos de vistoria pelo Serviço de Atendimento ao Cidadão – Sistema de Atendimento ao Cidadão (SAC) – 156, ou através do portal de serviços: www.pbh.gov.br/sac.

Urgência e emergência

Procedimentos médicos necessários para emergência clínicas com animais peçonhentos estão descritos em capítulo da 3ª edição do livro “Emergências Clínicas: teoria e prática”. A obra é organizada pelos professores José Carlos Serufo e Milena Soriano Marcolino e editada pelCoopmed Livraria e Editora. O livro conta com mais 78 capítulos que abordam os principais temas em emergências.

(Com Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina da UFMG)