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Hospital comemora avanços no pronto socorro

Gestão

Hospital comemora avanços no pronto socorro

Instituição adotou a metodologia Lean nas Emergências, do Ministério da Saúde, que tem como objetivo melhorar processos com base no tempo

Menos pacientes nos corredores. Esse é o cenário atual da Unidade de Urgência e Emergência do Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh, que reduziu em 62% o indicador NEDOCS (sigla em inglês para Escala de Superlotação do Departamento Nacional de Emergência) - um score que calcula superlotação. Além disso, o tempo de permanência do paciente internado no pronto socorro diminuiu 19% e a média de permanência dos leitos de retaguarda caiu para 22,5%. Os números são resultado de um trabalho realizado nos últimos seis meses em parceria com o Ministério da Saúde chamado Lean nas Emergência e conduzido pelo Hospital Sírio Libanês. Na última segunda-feira (27), dois representantes do projeto estiveram na instituição para participar de um encontro entre gestores para apresentação dos resultados.

O HC-UFMG/Ebserh é o 39º hospital no Brasil a abraçar a metodologia. Várias ações foram implementadas para otimizar a eficiência dos processos e agilidade dos fluxos. Uma das principais estratégias adotadas é o Plano de Capacidade Plena (PCP), que consiste no gerenciamento de atividades com o objetivo de programar e controlar o que foi estabelecido, não permitindo que se perca o foco. Segundo a chefe da Unidade, Melissa Prado de Brito, o plano é acionado a partir dos níveis de superlotação do pronto-socorro. “Atendemos, em média, 40 pessoas por dia.  Os nossos pacientes são, em sua maioria, crônicos e complexos, sendo que grande parte demanda internação. Assim como várias instituições no Brasil, a emergência do HC tem uma taxa de ocupação acima do ideal, o que traz vários prejuízos, tais como estresse e sobrecarga de trabalho na equipe, impactando na perda qualidade da assistência”, afirmou.

A Unidade de Urgência e Emergência do Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh possui 66 leitos e 16 pontos de atenção nos corredores. “Já chegamos a ter 60 pacientes nos corredores, número que reduziu pela metade desde o início do projeto Lean nas Emergências”, pontuou Melissa. As causas da superlotação nas emergências, segundo ela, podem ser muitas: pacientes aguardando leitos (boarding); baixo giro de leitos hospitalares; taxas de ocupação acima de 90%; fluxos de pacientes eletivos e de pacientes urgentes sem separação; fluxos pouco operantes, considerando os processos e a integração com a rede e processos de trabalho mal planejados, com execução de atividades que não agregam valor para o paciente.

Esse cenário causa prejuízos no tratamento e na evolução dos pacientes, podendo contribuir para o aumento da mortalidade em até duas vezes, a partir de 12h; aumento do tempo de permanência hospitalar de 4 a 7 dias e aumento de erros médicos. “O HC-UFMG é um hospital universitário muito grande e com vários problemas comuns de um hospital que recebe muitos pacientes complexos. Não se pode esperar que esses pacientes passem por internações curtas. Foi uma grata surpresa ver, seis meses após a implantação do Lean, que a enfermaria que recebe a maior parte dos pacientes do pronto-socorro reduziu de 18 para 12 dias de média a taxa média de permanência, uma redução de quase seis dias”, salientou Marcello Pedreira, médico consultor do Hospital Sírio Libanês para o projeto Lean nas Emergências.

A ideia, agora, é dar sequência nas ações, ajustando o que for necessário em busca da meta ideal, que é de, aproximadamente, 25 pacientes no corredor.  Para isso, um grupo executivo composto por gestores e profissionais da assistência do pronto-socorro do HC se reúne semanalmente para discutir indicadores e processos, que são monitorados diretamente pela equipe o projeto em Brasília. “Todos os seus indicadores são disponibilizados para uma torre de controle do projeto, em Brasília, e qualquer discrepância nos dados será verificada”, afirmou o especialista de processos do Hospital Sírio Libanês, Daniel Meireles.

O projeto

O Projeto Lean nas Emergências, do Ministério da Saúde, é desenvolvido por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS - Proadi/SUS e executado em parceria com o Hospital Sírio-Libanês. O seu objetivo é reduzir a superlotação nas urgências e emergências de hospitais públicos e filantrópicos por meio do uso da metodologia Lean, filosofia de gestão para melhoria de processos baseado em tempo e valor, desenhada para assegurar fluxos contínuos e eliminar desperdícios e atividades de baixo valor agregado. 

 

Sobre a Rede Hospitalar Ebserh

O Hospital de Clínicas faz parte da Rede Hospitalar Ebserh desde outubro de 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.

Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Hospitalar Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.

Redação: Luna Normand (jornalista - Unidade de Comunicação HC-UFMG)