A Gastrosquise é uma anomalia congênita em bebês que ocasiona a saída das vísceras abdominais, popularmente conhecidas como intestino, facilitando o contato do órgão com o ambiente externo, tanto durante a gestação, quanto após o nascimento. O Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh é uma das instituições de saúde no Brasil e no mundo com maior experiência na condução da doença, por isso mesmo foi cenário para a coleta de dados, durante 25 anos, de um estudo publicado recentemente em uma das mais renomadas revistas especializadas do mundo, a Journal Pediatric Surgery.

Intitulada “A 25-year study of gastrochisis outcomes in a middle-income country”, a pesquisa retrospectiva, publicada em julho, foi organizada em duas seções de análise, uma de 1989 a 2001, que contou com 35 casos da doença, e outra de 2002 a 2013, que contou com 121 casos. A comparação dos grupos evidenciou um aumento da frequência dos casos. Em contrapartida, foi mensurada a redução da mortalidade dos pacientes de 34,3% para 24,8%. O autor do estudo, o cirurgião pediátrico Marcelo Eller Miranda, do Departamento de Cirurgia Pediátrica do HC-UFMG, e toda equipe envolvida associaram as mudanças no nível de sobrevida à melhora substancial dos processos de assistência médica, que compreende o diagnóstico pré-natal, nascimento da criança no hospital, tempo após o nascimento da realização da cirurgia, os cuidados pós-operatórios, tempo de hospitalização e inserção da dieta.

O cirurgião pediátrico afirma que o objetivo do artigo foi divulgar para outros países a experiência do Hospital das Clínicas com o cuidado da anomalia. “O intuito de publicar o artigo era avaliar os resultados dos procedimentos realizados no hospital, já que a experiência do HC com a Gastrosquise é uma das maiores do Brasil e do mundo (...) fornecendo a equipes de neonatologistas de outros países conhecimentos e dados sobre os procedimentos de intubação, hidratação, desenvolvendo a cirurgia pediátrica”, disse.

O trabalho passou por uma adaptação de tese de mestrado para artigo publicado em uma das revistas de alto impacto na área de cirurgia pediátrica. Além disso, o processo contou com a participação do médico Sherif Emil, da McGill University Health Care, em Montreal, no Canadá, que colaborou para a sistematização do estudo.

Redação: Ana Beatriz Arruda (estagiária), com supervisão de Luna Normand (Jornalista Unidade de Comunicação HC-UFMG).