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Conheça o Projeto Horizonte e seu trabalho na prevenção do HIV

Aids

Conheça o Projeto Horizonte e seu trabalho na prevenção do HIV

Projeto de extensão da Faculdade é o terceiro a ser abordado na série “Janelas: da Universidade para a comunidade”

Como abordar a prevenção enquanto a cura de uma doença não existe? Para responder essa pergunta, voltamos nosso olhar ao Projeto Horizonte, da Faculdade de Medicina da UFMG. O projeto de extensão nasceu em 1994, em uma iniciativa financiada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) para integrar o país no processo de desenvolvimento de uma vacina contra o HIV.

Seus objetivos, além do desenvolvimento da vacina, são de realizar o acompanhamento epidemiológico do HIV e desenvolver abordagens de prevenção à aids. Todos os serviços ofertados pelo Projeto Horizonte são inteiramente gratuitos.

O projeto é o terceiro da série de reportagens “Janelas: da Universidade para a comunidade”. Mensalmente, a série trará exemplos de projetos de pesquisa, ensino e extensão da Faculdade de Medicina que tem como objetivo contribuir com o desenvolvimento da sociedade.

A busca pela imunização contra o HIV

O coordenador do Projeto Horizonte e professor Emérito do Departamento de Clínica Médica (CLM) da Faculdade, Dirceu Bartolomeu Greco, conta que, à época da criação do projeto, o consenso entre a comunidade médica era de que o desenvolvimento de uma vacina para o vírus da aids era iminente. “Pensava-se que em questão de um ou dois anos já teríamos uma vacina em estágio final de testes”, explica.

Os primeiros testes aconteceram ainda em 1994. Foram 15 voluntários em Belo Horizonte, 15 em São Paulo e outros 15 no Rio de Janeiro. Apesar de os testes não terem sido bem-sucedidos, o processo foi importante para o estabelecimento de procedimentos e da formação da coorte do Projeto Horizonte.

“A partir de 86, quando surgiram mais informações do vírus, novamente a expectativa era de que logo se descobriria uma vacina. Até hoje, no entanto, não possuímos uma. É um vírus muito mutável”, detalha Greco. Apesar de não possuirmos vacina finalizada, o professor afirma que, atualmente, já existe pesquisa em ensaio clínico de fase III ─ a mais próxima da liberação. Portanto, é possível que, 25 anos após a criação do projeto, a imunização esteja próxima do alcance científico.

Ainda de acordo com Dirceu Greco, a vacina não é o suficiente para se erradicar a infecção pelo HIV. “Não o sendo, ela pode gerar uma falsa sensação de segurança e levar a uma nova epidemia. É o que já vem acontecendo em função de outros métodos de prevenção”, sinaliza o professor. Segundo ele, apenas no Brasil, ainda temos 12 mil mortes por ano em decorrência do HIV. É por isso que, hoje, o trabalho de prevenção também é de grande foco no Projeto Horizonte.

Prevenção ─ A coorte aberta do Horizonte

O primeiro passo para a formação da coorte foi o estabelecimento das populações chave, aquelas mais afetadas pela infecção do HIV. De acordo com Dirceu, o vírus hoje afeta, de maneira desproporcional, homens homossexuais e bissexuais ─ sobretudo de 15 a 28 anos –, pessoas trans e travestis, usuários de drogas endovenosas e profissionais do sexo. Além de conscientizar as populações chave, o objetivo também foi de identificar possíveis voluntários para ensaios clínicos de futuras vacinas contra o HIV.

A coorte aberta do Horizonte hoje é formada por pessoas maiores de 18 anos e HIV negativos, com integrantes homossexuais e bissexuais masculinos, mulheres trans e travestis, todos residentes da região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a psicóloga Ana Paula Silva, membro da equipe psicossocial do projeto desde 2001, a coorte visa a avaliação da incidência e os fatores de risco associados à infecção pelo HIV. “Além disso, o projeto avalia a eficácia do aconselhamento e de intervenções educativas na redução das práticas de risco”, complementa.

Ao decidir fazer parte da coorte, os voluntários passam por uma entrevista sociocomportamental, conduzida pela equipe psicossocial. As questões abordam temas como as variáveis sociodemográficas dos participantes, suas práticas sexuais e de preservação contra o HIV. Além disso, a entrevista também investiga a identidade sexual autorreferida, a percepção social da própria orientação sexual e a discriminação. Os dados são importantes, pois permitem que o projeto avalie situações de vulnerabilidade ao HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e conhecer as motivações dos voluntários para participar.

O acolhimento também inclui a discussão dos aspectos éticos e legais dos estudos do Horizonte. Nesse momento, são realizados os pedidos de exames laboratoriais de sorologia para HIV, sífilis, hepatite B e C. Os ingressantes também recebem um aconselhamento pré-exames, que visa a conscientização dos riscos de infecção e da importância da prevenção. “É um momento importante para a reflexão sobre suas práticas sexuais, sua conduta de prevenção e sua percepção de risco vividas”, explica a psicóloga Ana Paula.

Mensalmente, são realizadas atividades preventivas em grupo. Entre elas, estão fóruns de discussão, oficinas de sexo seguro e a exibição discutida de filmes, o Cine Horizonte. O projeto também realiza periodicamente a distribuição de preservativos, lubrificantes e materiais de conscientização sobre a importância da prevenção. “Além disso, oferecemos auxílio transporte e alimentação para contribuir no comparecimento às atividades programadas”, completa Ana Paula Silva.

A cada seis meses, os participantes realizam consultas clínicas para avaliar os resultados dos exames de sorologia. Para aqueles que apresentem soroconversão – ou seja, sejam infectados pelo vírus – o Horizonte oferece cuidados médicos e psicológicos no Centro de Treinamento e Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias Orestes Diniz, da Prefeitura de Belo Horizonte.

Serviço
Projeto Horizonte
Alameda Vereador Álvaro Celso, 241, Santa Efigênia – Belo Horizonte
Telefone: (31) 3226-8188
Email: horizonte@medicina.ufmg.br