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Dispositivos portáteis ajudam na detecção precoce de problemas cardiovasculares

Estudo

Dispositivos portáteis ajudam na detecção precoce de problemas cardiovasculares

É o que afirma estudo recente realizado por uma equipe do Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh

A fibrilação atrial é a arritmia sustentada mais comum em adultos e idosos, e está associada a vários eventos graves, como o acidente vascular encefálico e outros eventos embólicos. Existe uma associação desta arritmia com outras doenças cardiovasculares prevalentes na população, como insuficiência cardíaca, hipertensão arterial e diabetes. Apesar de sua gravidade, na maioria das vezes a fibrilação atrial não apresenta sintomas e seu diagnóstico é frequentemente tardio, principalmente em populações com baixos índices socioeconômicos e com acesso restrito aos sistemas de saúde.

Dispositivos portáteis, como o popular Apple Watch, e até mesmo alternativas mais práticas e de menor custo, podem auxiliar na detecção precoce da doença. É o que afirma estudo recente realizado por uma equipe do Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh e publicado no último mês na revista HEART, uma das mais importantes e conceituadas publicações internacionais em cardiologia. O estudo integra o PROVAR+, projeto em larga escala de cardiopatia reumática e doenças cardiovasculares em geral em regiões carentes das regiões metropolitanas de Belo Horizonte e Montes Claros, e foi coordenado pelos professores Luísa Brant, Bruno Nascimento e Antônio Luiz Ribeiro (Faculdade de Medicina da UFMG) e pela doutoranda Adriana Diamantino.

Durante 5 dias, 1518 pacientes de regiões de baixa renda da rede de Atenção Primária de Montes Claros, em fila de espera por um exame de ecocardiograma pelo SUS, foram consecutivamente submetidos à avaliação clínica e à estratificação de risco cardiovascular através de escore derivado do estudo. Em seguida, por meio de um dispositivo portátil chamado MyDiagnostick, foi possível rastrear, de forma rápida e quase imediata, sinais indicativos de fibrilação atrial. Trata-se de um aparelho em formato de caneta que sinaliza, por meio de luzes, após preensão bimanual de um minuto pelo paciente, a presença ou não da arritmia.

A prevalência de fibrilação na população investigada com o dispositivo portátil, de acordo com o estudo, foi de 6,4%. O MyDiagnostick, comparado ao ECG convencional, apresentou alta sensibilidade (90,2%) e especificidade (84,0%) para detecção da doença. Notadamente, a presença de fibrilação atrial detectada pelo dispositivo portátil avaliado associou-se independentemente com a presença de doença cardíaca detectada pelo ecocardiograma convencional.

“O estudo mostrou que dispositivos portáteis simples podem auxiliar no diagnóstico precoce de certas doenças cardíacas, como a fibrilação atrial, que muitas vezes não apresenta sintomas e com isso os pacientes acabam tendo o diagnóstico tardio, somente quando a doença evolui para um AVC, por exemplo. Também mostrou que essas ferramentas, como o MyDiagnostick, podem auxiliar na identificação de indivíduos sob maior risco cardiovascular e que devem ser priorizados nas redes de encaminhamento” ressaltou o cardiologista e coordenador do PROVAR+, Bruno Ramos Nascimento.