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UFMG lança site sobre saúde mental

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UFMG lança site sobre saúde mental

Construído por várias instâncias da Universidade, ambiente será de acolhimento e de referência nas discussões sobre o tema

Um canal de entrada, um ponto de encontro para estudantes, servidores técnico-administrativos, docentes, trabalhadores terceirizados, familiares e amigos que estejam ou conheçam alguma pessoa em situação de sofrimento mental e que precise de informação, acolhimento e apoio. Essa é a proposta do site Saúde Mental, que acaba de ser lançado pela UFMG.

A página agrega conteúdo multimídia como textos, vídeos sobre depoimentos de superação, referências teóricas, espaço para comunicação, indicação de filmes, legislação e contatos dos serviços, redes de apoio e canais de acolhimento oferecidos pela própria Universidade e do atendimento especializado oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As informações são direcionadas a três grandes grupos: servidores, estudantes, família e amigos da comunidade universitária. 

“O site é mais uma ação que se soma ao acolhimento a distância, implantado no início da pandemia, e aos serviços de escuta e acolhimento já realizados por quase 50% das unidades acadêmicas, que expressam o quanto a UFMG está atenta à saúde mental e ao bem-estar de sua comunidade”, observa o vice-reitor, Alessandro Fernandes Moreira, que preside a Comissão Permanente de Saúde Mental da UFMG. 

Demanda

O site atende a uma demanda prioritária s diversos segmentos da comunidade acadêmica desde o início de atuação da Comissão de Saúde Mental, como relata uma de seus integrantes, a professora da Escola de Enfermagem, Teresa Kurimoto. “Nas diversas rodas de conversas e acompanhamento junto aos núcleos de escuta das unidades, ficou evidente que, se uma pessoa em situação de sofrimento ou adoecida, busca informação, seja para solicitar apoio ou mesmo sobre os processos legais de sua vida funcional, e não as encontra com facilidade, isso é motivo para aumentar seu sofrimento”, exemplifica.

A página, segundo ela, é resultado de um esforço de reflexão que resultou na conclusão de que a política de Saúde Mental da UFMG deveria tornar a informação e a comunicação sobre saúde mental acessíveis para a comunidade. Além disso, durante o próprio processo de construção do site, em parceria com o Cedecom [Centro de Comunicação] e com diversos outros espaços e coletivos da UFMG, novos propósitos foram emergindo. "Era preciso fazer desse ambiente uma referência, suprindo lacuna comum observada entre iniciativas semelhantes de outras universidades brasileiras e estrangeiras em relação à oferta de conteúdos teóricos e elementos capazes de promover reflexões sobre saúde mental de interesse da sociedade e de outras áreas do conhecimento", diz Kurimoto.

Mitigação do sofrimento

Segundo a professora, desde o início da pandemia, a Comissão de Saúde Mental já tinha consciência de que deveria intensificar ações de acolhimento com base nas informações coletadas no primeiro ano de trabalho junto ao Departamento de Atenção à  Saúde do Trabalhador e à OMS. Esses dados indicam transtorno mental e comportamental como segunda causa de afastamento de servidores, e a duplicação do número de adoecimento psíquico em todo o mundo por causa da pandemia.

“Até o final de agosto, realizamos perto de 500 atendimentos por telefone, de servidores, estudantes e familiares, resultado de um trabalho que antecede a Comissão, inspirado nas ações dos núcleos de acolhimento e escuta das unidades acadêmicas. Percebemos que esse é um dispositivo potente, que nos ajuda a pensar a qualidade de vida, a circulação de afetos e as relações, numa perspectiva de que essa intervenção traga uma ética, uma estética, uma política que se construa e consolide cada vez mais junto à comunidade”,  observa Kurimoto.

De acordo com ela, com base nas múltiplas experiências dos núcleos, a UFMG está construindo “contornos mais exatos” do que seria o acolhimento em uma comunidade que se dedica às atividades de ensino, pesquisa e extensão. “Também estamos atuando na construção de saberes e na sustentação das práticas inovadores de acolhimento realizadas nas unidades acadêmicas, caminhando juntos para que as comunidades tenham mais qualidade de vida no trabalho, com relações menos verticalizadas e para que as questões como autoritarismo, produtivismo e competitividade predatória sejam alvo de espaços coletivos de diálogo”, afirma.

Teresa Kurimoto acrescenta que essas ações têm o propósito de minimizar o sofrimento que advém da necessidade de cumprir metas, das cobranças, do excesso de encargos acadêmicos e dessa novidade representada pelo trabalho remoto. “Nossa aposta está calcada no embasamento de que saúde mental se faz com serviços de saúde territorializados, que primam pelo cuidado em liberdade, que sejam próximos da comunidade e em sintonia com os serviços de saúde oferecidos pelo SUS, sem perder de vista o contexto, o suporte, a atenção ao outro e as discussões de questões que impactam e minimizam o sofrimento”, conclui a professora.

(Texto de Teresa Sanches - Cedecom UFMG)