Notícias Notícias

Voltar

Cem dias de vitórias e aprendizados no cuidado aos pacientes covid-19

BLOCO VIDA

Cem dias de vitórias e aprendizados no cuidado aos pacientes covid-19

Confira a história da paciente Roselita e de profissionais que estão na linha de frente

Cem dias. Tempo de muito trabalho, aprendizados, desafios, vitórias, esperança, altas hospitalares... E, sobretudo, tempo para celebrar a vida de todas as mais de 141 pessoas que venceram a covid-19 no Hospital das Clínicas da UFPE, tanto na Enfermaria quanto no BloCO VIDa, a UTI planejada e montada especialmente para cuidar das pessoas com a doença. Neste domingo (26), o HC completa 100 dias atendendo pessoas com a covid-19 e comemora as vitórias de todas elas. O hospital-escola é unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). 

Muita história para contar. Histórias como a da dona de casa Roselita Nascimento, de 52 anos, moradora de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife. Ela passou 81 dias internada no HC (52 dias na UTI, 23 deles intubada). Roselita é um dos exemplos de como a doença pode tomar formas muito graves. A maioria dos pacientes encaminhados à UTI do HC ficou muito tempo internada necessitando de bastante cuidado de toda a equipe.

“Eu sou um milagre. Passei esse tempo todo na UTI, fiquei intubada, tive uma parada cardiorrespiratória de 20 minutos, trombose, perdi a função de um rim. Mas estou aqui contando essa história e agradecendo a Deus e a toda a equipe do HC. Agora, estou no processo de recuperação, fazendo fisioterapia para voltar a andar, realizando exames e sendo acompanhada no hospital”, relata Roselita, que recebeu a alta hospitalar no último dia 9.

Devido às normas de isolamento para evitar o contágio, Roselita e todos os pacientes com a covid-19 não podem receber visitas presenciais. A comunicação com o marido Djalma, a filha Juliana, o neto Pedro e o irmão José se dava por televisitas. “Foi uma luta muito grande de todos, principalmente a dela”, disse o marido de Roselita, Djalma Silva.

Trabalho em Equipe - Entre os 116 profissionais temporários contratados via Processo Seletivo que reforçam a equipe do HC neste enfrentamento da pandemia, estão médicos,  enfermeiros,  fisioterapeutas, biomédicos, farmacêuticos e técnicos de enfermagem, em laboratório, em farmácia e em radiologia. Uma dessas pessoas é a enfermeira Suzana Marques, que trabalha no BloCO VIDa. “A equipe multidisciplinar é muito boa, competente e humana. Todos atuam como suportes  uns aos outros, formando um time que tem o mesmo objetivo: salvar vidas. Todo mundo virou um ‘posso ajudar? Sem dúvidas, esse está sendo um grande aprendizado profissional e pessoal para todos”, destaca.
 
Suzana afirma que muitas imagens não vão sair da sua mente desde o dia 15 de abril, quando chegou ao HC. “Participar daquele corredor cheio de profissionais aplaudindo os nossos pacientes curados, saindo da UTI para a Enfermaria não tem preço que pague. Tantos pacientes  que ficaram intubados tantos dias, com um quadro tão grave e depois vê-los curados. É indescritível. Funciona, para mim, como uma espécie de ritual em que a gente (da UTI) passava aquela pessoa que cuidamos com tanto carinho para outra equipe (a da Enfermaria) que vai ter o mesmo cuidado e comprometimento até a alta hospitalar”, completa.

Infectologista do HC há 16 anos, Carlos Padilha está atuando na Enfermaria de covid-19. “Participar desse combate à pandemia está sendo participar da história. Estou me esforçando para dar o melhor de mim aplicando a ciência, dando a atenção, conforto, empatia e ação diante dos pacientes, amigos e familiares com amor, coragem e determinação”, relata o médico.

Organização - Neste momento, a taxa de ocupação tem caído. Mas em boa parte desses 100 dias, a UTI covid do HC manteve uma taxa de ocupação de 100% dos leitos e, em função da alta demanda, foram necessários ajustes internos com disponibilização de mais leitos clínicos para os pacientes em processo de desospitalização da UTI (semicríticos) e na Enfermaria. 

“Os desafios são diários para manter a melhor assistência aos pacientes aliada à segurança dos nossos profissionais. Para isso, criamos um comitê composto por profissionais e convidados, empenhados em realizar ajustes necessários, alinhados às autoridades sanitárias. Conseguimos, ao longo desse período desafiante, lograr muitos êxitos. Mantivemos estoques de Equipamentos de Proteção Individual (Epis) para todos os profissionais; participamos de pesquisas na área, colaborando com a produção de conhecimento; otimizamos serviços de teleatendimentos, contribuindo com a assistência mais humanizada, e inauguramos as novas instalações da Enfermaria de Doenças Infecciosas e Parasitárias”,  destaca o superintendente do Hospital das Clínicas da UFPE, Luiz Alberto Mattos. 

 

Imagens:

Texto: Moisés de Holanda