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Hepatite C ainda recebe muitos diagnósticos tardios, avalia pesquisadora

Saúde

Hepatite C ainda recebe muitos diagnósticos tardios, avalia pesquisadora

Pesquisa realizada na região Triângulo Sul do estado de Minas Gerais resultou em diagnóstico positivo para hepatite C em 0,76% dos participantes maiores de 18 anos. O estudo foi conduzido no âmbito do programa de pós-graduação  em Medicina Tropical e Infectologia da UFTM, e aplicou mais de 22,2 mil testes rápidos, em oito dos 27 municípios da região.

Dentre os que foram diagnosticados, 79,3% nasceram entre 1951 e 1980, 23,6% compartilharam agulhas ou seringas no passado, 21,4% passaram por transfusões de sangue ou hemoderivados antes de 1993 e 14,3% relataram experiências sexuais desprotegidas envolvendo múltiplos parceiros. Houve ainda uma parcela de 9,9% caracterizada pelo uso de piercings e tatuagens, principalmente entre nascidos na década de 1970. O resultado positivo foi mais frequente em homens: 63%.  

Os resultados, coletados entre novembro de 2014 e março de 2017, foram inseridos no Programa de Expansão do Diagnóstico de Hepatite C, do Hospital de Clínicas da UFTM, em parceria com a Sociedade Brasileira de Hepatologia. Todos os casos foram encaminhados para tratamento ambulatorial no HC-UFTM.

 

Efetividade

De acordo com a hepatologista Geisa Perez Medina Gomide, o tratamento da hepatite C, oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, é efetivo e utiliza atualmente medicações bem toleradas pelos pacientes. “Entretanto, ainda existem muitos casos não diagnosticados, pois se trata de uma infecção que pode demorar alguns anos até se manifestar. Quanto mais cedo acontecer a descoberta, melhores serão as condições de recuperação. Casos muito avançados, entretanto, podem provocar problemas no fígado ou outros órgãos, incluindo tumores”, a médica adverte.

Para Gomide, os resultados do estudo reforçam a importância de se testar a população, especialmente os grupos de maior risco, como os nascidos entre as décadas de 1950 e 1970, populações carcerárias e pessoas que compartilharam agulhas e seringas.

“Trata-se de uma só doença, mas que traz consigo um complexo mosaico para o sistema de saúde, composto pelas manifestações da infecção, mas também pelas diferenças culturais, sociais e econômicas que caracterizam as regiões nas quais os testes são aplicados”, afirma.

Os resultados da pesquisa foram publicados na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 52, em artigo assinado por Geisa Perez Medina Gomide, Camila Borges de Melo, Vanduí da Silva Santos, Vanessa Dib Salge, Fernanda Carolina Camargo, Gilberto de Araújo Pereira, Sônia Cançado de Oliveira Cabral, Rodrigo Juliano Molina e Cristina da Cunha Hueb Barata de Oliveira, todos ligados à UFTM.​

Unidade de Comunicação HC-UFTM