Situações especiais de Transplante Hepático
Situações especiais
<- Voltar às Informações gerais sobre o Transplante Hepático
Hepatocarcinoma (CHC)
O transplante de fígado continua sendo o melhor tratamento para pacientes bem selecionados, portadores de carcinoma hepatocelular (CHC). Os critérios de Milão – tumor único < 5 cm ou até três tumores < 3 cm, sem sinais de invasão vascular ou doença extra-hepática, são os critérios mais utilizados para estes pacientes.
Para estes casos é solicitado situação especial para transplante, devendo ser enviados à Câmara Técnica Estadual, os seguintes documentos:
- Relatório médico e cópia de laudos de exames radiológicos que caracterizem o CHC ≥ 2 cm, dentro dos critérios de Milão, com diagnóstico baseado nos critérios de Barcelona. O exame deve ser atualizado a cada 6 meses enquanto em lista de espera. Detalhar todos os tratamentos para o CHC realizados previamente à solicitação de inclusão como situação especial;
- Ausência de metástases comprovada por tomografia computadorizada de tórax realizada até 12 meses antes;
- Exames laboratoriais de até 30 dias, incluindo alfa-fetoproteína;
- Formulário para inclusão em situação especial (ficha padrão do Ministério da Saúde).
A necessidade de quimioembolização (ou outra forma de tratamento nos nódulos < 3,0 cm) será avaliada pela equipe dependendo do caso. A avaliação da resposta à quimioembolização será realizada com tomografia computadorizada contrastada 30 a 45 dias após o procedimento e com níveis de alfa-fetoproteína.
Pacientes com níveis de alfa-fetoproteína acima de 1000 ng/mL apenas devem ser alocados em lista de transplante após quimioembolização e análise do caso pelo comitê. Deve ser considerada avaliação exaustiva desses casos, no sentido de diagnosticar possíveis metástases ou invasão vascular.
Ascite Refratária
Aproximadamente 50% dos pacientes com cirrose compensada irão desenvolver ascite em um período de 10 anos de observação. Em aproximadamente 5% a 10% dos pacientes há falta de resposta à terapêutica médica utilizada. Eles seriam considerados portadores de ascite refratária, definida como aquela que não pode ser mobilizada ou cuja recorrência precoce não pode ser evitada com a terapia médica. Tendo em vista o mau prognóstico que a ascite refratária acarreta ao paciente, estes casos também devem ser enviados à Câmara Técnica Estadual e priorizados para transplante de fígado.
Devem ser enviados:
- Relatório médico – dose máxima de diuréticos utilizada, dose atual, eventos adversos associados – piora da função renal, distúrbio hidroeletrolítico, encefalopatia hepática, PBE, episódios de paracentese e/ou toracocentes realizadas;
- Formulário padrão para inclusão em situação especial;
- Exames laboratorias de até 30 dias (incluindo BT, INR, CR, Sódio);
- Sódio urinário de 24 h (< 80 mEq/24h);
- US Abdominal com doppler;
- Comprovantes de paracenteses e/ou toracocentes seriadas.
Encefalopatia Hepática
A Encefalopatia Hepática (EH) é uma complicação neuropsiquiátrica frequente nos hepatopatas. Caracteriza-se por distúrbios da atenção, alterações do sono e distúrbios motores que progridem desde simples letargia a estupor ou coma. É um distúrbio metabólico, portanto potencialmente reversível. Alguns pacientes apresentam um quadro de EH persistente, sem fatores desencadeantes claros, geralmente devido à presença de shunt portossistêmico. Nestes casos, foi aprovado a concessão de pontuação adicional, devido ao maior risco de mortalidade, associado ao comprometimento da qualidade de vida e ao risco de sequelas cognitivas irreverssíveis.
Avaliação da gravidade da EH (Critérios de West Haven)
0 Ausência de alterações clínicas (sem anormalidades de personalidade ou comportamento). 1 Períodos insignificantes de comprometimento da consciência; déficits de atenção; dificuldade para somar ou subtrair; sonolência excessiva, insônia ou inversão do padrão de sono; euforia ou depressão (mais comumente o último). 2 Letargia ou apatia; desorientação; comportamento inadequado; comprometimento da fala. 3 Rebaixamento importante do nível de consciência, estupor. 4 Coma. |
São enviados à Câmara Técnica Nacional os casos de EH persistente grau II ou pelo menos 1 episódio de EH grau III com necessidade de internação. Anexar:
- Relatório médico detalhado (gravidade, se houve fatores desencadeantes, internamentos, shunt portossistêmico);
- Formulário padrão para inclusão em situação especial;
- Exames laboratoriais de até 30 dias;
- Exame de imagem com evidência de shunt portossistêmico (TC ou RNM);
- RNM Crânio, eletroencefalograma e relatório do neurologista para exclusão de outras causas;
- Se internações hospitalares, enviar comprovantes.
Colangite de Repetição
Pacientes cirróticos com quadros de colangite de repetição – 2 episódios nos últimos 6 meses ou 1 episódio de colangite grave, com abscesso hepático ou bactérias multirresistentes, também devem ter seus casos encaminhados à Câmara Técnica Nacional para priorização. Anexar:
- Relatório médico – relatar complicações (abscesso, choque séptico), antibióticos utilizados, tratamentos endoscópicos, percutâneos e/o cirúrgicos.
- Formulário para inclusão em situação especial;
- Exames laboratoriais de até 30 dias;
- Exame de imagem (US abdominal, TC ou RNM);
- Comprovantes de internamentos.
Prurido intratável
Casos de hepatopatias crônicas que cursam com prurido intratável à terapêutica medicamentosa, devem ser enviados à Câmara Técnica Nacional. Anexar:
- Relatório médico – causa da doença hepática; descrever duração, grau, distribuição, evolução e incapacidade do prurido; desordens do sono; desnutrição; se há obstrução biliar; se houve tratamento endoscópico e/ou cirúrgico; tratamento medicamentoso utilizado: ácido ursodesoxicólico, colestiramina (primeira linha), rifampicina (segunda linha), naltrexone (terceira linha), sertralina (quarta linha);
- Formulário para inclusão em situação especial;
- Escore da qualidade de vida e exame dermatológico;
- Exames laboratoriais de até 30 dias;
- US abdominal com doppler.