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HU-UFSC atende crianças e adolescentes com dificuldades na escola

Atendimento multidisciplinar

HU-UFSC atende crianças e adolescentes com dificuldades na escola

Projeto trabalha a situação escolar, o contexto social, o desenvolvimento humano e o conceito amplo de saúde

Florianópolis (SC) – Você sabia que, apesar de ser uma instituição de saúde, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, vinculado à Rede Ebserh, tem um núcleo, dentro do Setor de Pediatria, voltado exclusivamente para trabalhar com crianças e adolescentes de seis a 14 anos que têm dificuldades na escola? Trata-se de uma equipe multiprofissional e interdisciplinar que compõe o Núcleo Interdisciplinar de Apoio ao Desenvolvimento Humano – Núcleo Desenvolver e já atendeu mais de mil crianças ou adolescentes.

Com 20 anos de existência, o Núcleo Desenvolver faz parte da estrutura da Unidade de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente e realiza atendimentos de várias áreas – pediatria, psicologia, psiquiatria, pedagogia, psicopedagogia, assistência social e fonoaudiologia – para fazer um diagnóstico da situação da criança ou adolescente, apontando as causas da dificuldade escolar e encaminhamento para tratamento.

O pediatra e professor João Carlos Xikota, diretor da Unidade de Cuidado da Criança e Adolescente, disse que o objetivo não é trabalhar somente a situação escolar do adolescente que chega até o núcleo. “Estamos trabalhando com o futuro desta criança e da sociedade, pois um jovem que tem dificuldades na escola vai ser um adulto com dificuldades no mercado de trabalho, por exemplo”, justificou, lembrando que um jovem que desiste da escola gera consequências negativas para si mesmo, para a família e a para a sociedade.

Segundo ele, a ideia do núcleo considera o conceito amplo de saúde – que trata não apenas a questão de enfermidades, mas também o bem-estar social. “Nós trabalhamos para que este jovem se sinta motivado, se sinta inserido na sociedade e descubram que têm potencial”, disse o professor, apontando um quadro na parede do núcleo com imagens de gênios da ciência, como Albert Einstein e Nicolas Tesla, que tiveram problemas de dislexia.

A pedagoga Evandra Donatti, que trabalha no núcleo, disse que as crianças passam por uma série de entrevistas e avaliações – que chegam a 25 sessões, com profissionais de todas as áreas envolvidas – para concluir um diagnóstico diferencial das causas que as levam a não aprenderem e a ter um baixo desempenho escolar. “Pode se concluir diversas causas, como: dislexia, déficit de atenção e hiperatividade, problemas emocionais, problemas metodológicos ou mesmo problemas de relacionamento familiar ou com colegas na escola. Tudo isso é observado pela equipe multiprofissional”, explicou.

De acordo com a pedagoga, atualmente a equipe está se reformulando e em busca de um convênio para que possa voltar a atender a pleno vapor, já que a avaliação para cada criança ou adolescente dura dois meses. Hoje, há uma fila de espera, tendo em vista que muitas mães procuram diretamente o núcleo ou recebem recomendação, após consulta médica no HU, e somente uma equipe completa e estruturada pode garantir este trabalho.

Uma das voluntárias é a psicopedagoga Darcy Maragno, que ressalta a importância do trabalho do núcleo uma vez que a aprendizagem humana se dá nas dimensões bio-psi-social, sendo o núcleo referência nessa área de conhecimento com expertise de 20 anos nesse trabalho. “Estes atendimentos, feitos em conjunto, existem em poucos lugares. Geralmente, as famílias recebem esse tipo de atendimento por especialistas isolados, como psicólogo, ou neurologistas, por exemplo, o que dificulta e encarece esse processo. Mas um trabalho multiprofissional destas dimensões não se encontra com facilidade. Isso sem considerar o alto custo de um diagnóstico deste nível”, explicou.

E complementa ainda que na Lei Brasileira da Inclusão, Lei 13.146 de 06 de julho de 2015, prevê que este tipo de avaliação só pode se dar por uma equipe multidisciplinar, justificou a psicopedagoga, acrescentando que a equipe hoje é formada por três profissionais vinculados à universidade ou ao hospital e os demais – cerca de dez profissionais – são voluntários ou de convênios com outras instituições.

Para divulgar a importância destas atividades e reforçar a necessidade de continuidade das ações do núcleo, a equipe está preparando uma comemoração para os 20 anos de existência, que serão completados neste ano. Em outubro, está prevista a realização de palestras na universidade, quando serão apresentados os trabalhos do núcleo e ouvidos especialistas sobre os métodos usados neste trabalho multidisciplinar.

Sobre a Ebserh

Desde março de 2016, o HU-UFSC faz parte da Rede Ebserh. Vinculada ao Ministério da Educação, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) atua na gestão de hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

Criada em dezembro de 2011, a empresa administra atualmente 40 hospitais e é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.​

Com informações do HU-UFSC