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Maternidade no Ceará tem 1ª linha de cuidados de diabetes na gestação pelo SUS

Pré-natal

Maternidade no Ceará tem 1ª linha de cuidados de diabetes na gestação pelo SUS

Tratamento integra obstetra, endocrinologista, nutricionista, enfermeiro e psicólogo

Fortaleza (CE) – Em iniciativa inédita no Estado do Ceará, a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac), do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC), realiza o acompanhamento pré-natal de alto risco em gestantes diabéticas. A unidade atende 90 pacientes por mês e é a única no estado com uma linha de cuidados multidisciplinar gratuita.

O endocrinologista da Meac, Paulo Queiroz, explica que as pacientes da Linha de Cuidados vêm dos postos de saúde, onde é identificado o diabetes no pré-natal. Na Meac, elas têm, na mesma consulta, o obstetra e o endocrinologista. “Nem na rede privada é assim. Aqui, todos os especialistas conversam e discutem o caso de cada paciente, chegando ao tratamento mais adequado para ela”, diz.

De acordo com o endocrinologista, estima-se que 14% das gestantes brasileiras tenham ou desenvolvam o diabetes, caracterizado pelo aumento dos níveis de glicose no sangue.

Cuidado multidisciplinar

O primeiro passo é a realização dos exames clínicos e laboratoriais para checagem do diagnóstico e implementação do tratamento. “A frequência das consultas pode variar de semanal a mensal, dependendo do controle do diabetes necessário”, explica.  O endocrinologista, então, prescreve o tratamento, monitorando os resultados.

Nutricionista, psicóloga e enfermeiras complementam a equipe multidisciplinar da linha de cuidados, serviço que funciona há um ano na maternidade. A gestante Gleiciane Moura, grávida da Ana Clara há 32 semanas, está internada em tratamento. “Me sinto muito segura aqui, a equipe é muito atenciosa. Estou seguindo o que eles dizem e controlando a glicemia apenas com a dieta, sem ter que tomar remédio”, conta.

“Toda gravidez com diabetes (prévio ou adquirido durante a gestação) é de alto risco”, alerta o obstetra Vander Henrique Martins.  Segundo ele, o recomendado é que a diabética planeje a gestação e faça uma consulta médica.

“Engravidar com o diabetes descompensado tem um risco de malformações bem maior, inclusive cardíacas, podendo levar à morte do feto”. O ideal, complementa, é que ela esteja com o peso controlado, fazendo atividades físicas regularmente e sem nenhuma repercussão grave nos rins ou na visão, como a retinopatia, que podem piorar na gestação.

Mães com diabetes têm mais chances de sofrer um aborto, parto prematuro, pré-eclampsia e eclampsia. Também pode provocar que o bebê nasça com o peso maior que o normal (acima de 4 quilos), hipoglicemia, desconforto respiratório ou distocia de ombro. O diabetes contribui, ainda, para o aumento do índice de cesarianas.

Como surge o diabetes?

A mulher pode já engravidar com diabetes ou adquiri-lo ao longo da gestação. Todas as grávidas têm aumento da resistência à ação da insulina (hormônio que controla a glicose no sangue) e, devido a isso, algumas acabam por desenvolver o diabetes gestacional.

Ele surge a partir da segunda metade da gravidez, quando alguns hormônios se elevam no sangue e a produção de insulina é insuficiente para que o corpo processe adequadamente o excesso de glicose em circulação.  Sobrepeso e obesidade contribuem para o diabetes.

Geralmente sem sintomas, o diabetes gestacional é diagnosticado entre a 24ª e a 28ª semana, quando o obstetra solicita exames específicos. Apenas se a glicose estiver muito descompensada a grávida pode ter alguns sinais, como muita sede, cansaço, aumento da vontade de urinar e mal estar, sintomas comuns em grávidas saudáveis também. “Por isso a importância de um pré-natal bem feito, que investigue a saúde da mãe e do bebê em todos os aspectos”, reforça Vander Martins.

Na maioria das vezes, a mulher deixa de ser diabética poucos dias após o parto. Mas em alguns casos, por já terem uma tendência prévia, o diabetes persiste. Uma vez tendo tido diabetes gestacional, a probabilidade de ter nas gestações seguintes é de 50%. Vale lembrar que o normal é 14%.

Além disso, filhos de mulher com diabetes gestacional têm predisposição a desenvolver diabetes quando adultos, explica Paulo Cruz, endocrinologista da Meac.

“É recomendável que depois do parto, tanto a mãe quanto o filho tenham um estilo de vida mais saudável, evitando excesso de peso, sedentarismo e controlando a alimentação”, diz.

Fluxo de atendimento na Linha de Cuidados do Diabetes Gestacional:

A paciente vem do posto de saúde e, com o diagnóstico de diabetes prévia ou gestacional, já é encaminhada pra uma consulta conjunta do obstetra e endocrinologista.
Eles fazem o encaminhamento pra nutricionista do próprio serviço e, quando necessário, para a psicóloga.
A grávida passa tem acompanhamento durante toda a gestação.
Após a revisão do parto na MEAC, com nova avaliação, elas seguem o acompanhamento na rede básica (posto de saúde).

Com informações da Meac