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Risco para mãe e filho, diabetes gestacional é motivo de alerta

14 de novembro

Risco para mãe e filho, diabetes gestacional é motivo de alerta

Doença é desenvolvida durante a gravidez, quando a mulher passa por transformações hormonais

Brasília (DF) – O Dia Mundial do Diabetes é comemorado em 14 de novembro. Cerca de 380 milhões de pessoas no mundo têm a doença, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF). Apesar de existirem diversas campanhas no Brasil reforçando a importância de uma boa alimentação e hábitos saudáveis para evitá-la, uma de suas variedades é ainda pouco falada, a não ser por quem já passou pelo problema: o diabetes gestacional.

A doença é desenvolvida durante a gravidez, quando a mulher passa por transformações em seu equilíbrio hormonal. A placenta, por exemplo, – órgão que só existe durante a gestação – reduz a ação da insulina, o que é compensado pela ação do pâncreas. No entanto, em algumas mulheres esta compensação não ocorre, fazendo com elas desenvolvam diabetes gestacional.

“A mulher fica com uma quantidade maior que o normal de açúcar no sangue. É uma condição que quase sempre se normaliza sozinha depois que o bebê nasce”, explica Paulo de Queiroz, endocrinologista da Maternidade Escola Assis Chateaubriand da Universidade Federal do Ceará (Meac-UFC), situada em Fortaleza e filiada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

Para se chegar ao diagnóstico da doença, é necessário, durante o pré-natal, no início do sexto mês de gravidez, fazer exame de glicose. Foi o que fez Jusane Santos, 43 anos, que deu à luz no primeiro semestre de 2015. “Mais ou menos no sexto mês, o médico solicitou o exame e detectou o diabetes gestacional” conta a assistente administrativa, que fez seu pré-natal no Hospital Universitário de Brasília da Universidade de Brasília (HUB-UnB), também filiado a Ebserh. “Caso este teste seja negativo, o diagnóstico de diabetes gestacional é descartado”, completa o endocrinologista da maternidade cearense, que atende, por mês, cerca de 180 gestantes com diabetes.

O controle de diabetes gestacional deve ser feito com orientação nutricional adequada e atividades físicas, devidamente acompanhadas. “Caso não seja suficiente, pode ser feito tratamento medicamentoso com injeções de insulina”, ressalta Conceição Cornetta, gerente de ensino e pesquisa da Maternidade Escola Januário Cicco da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Mejc-UFRN), que se localiza em Natal e também compõe a Rede Ebserh.

“Passei a medir a glicose quatro vezes ao dia. Cada ida minha à ginecologista, ela calculava a média, pois eu anotava as medições”, relata Jusane, que seguiu rigorosamente as orientações e conseguiu manter sua glicose controlada, sem precisar fazer uso de insulina.  “Meu bebê não foi afetado em nada e, oito meses após o parto, os exames não me apontaram mais com a doença”, conclui.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), amamentar, praticar atividades físicas e se alimentar de forma saudável reduzem o risco de a mãe sofrer a evolução da doença para a diabetes tipo 2. “Amamentei dois anos e meio”, comemora Jusane que, em sua primeira gravidez, 12 anos antes, não desenvolveu diabetes gestacional nem tem histórico de nenhum tipo da doença na família. Entretanto, a assistente teve seu segundo filho com mais de 40 anos, fator concorrente ao diabetes gestacional. “Eu tinha mais de 40 anos, então fui ao HUB, que mantém um excelente acompanhamento para gravidez de risco”, completa.  

Concorrem também para o diabetes gestacional a obesidade, ganho de peso durante a gestação, ovários policísticos, histórico de diabetes na família, histórico de bebês grandes, hipertensão arterial na gestação, gravidez de gêmeos.

O diabetes gestacional pode causar problemas à mãe e filho, como crescimento excessivo do bebê e, por consequência, um parto traumático, hipoglicemia neonatal e até obesidade diabetes na vida adulta. “A partir do diagnóstico até após o nascimento, mãe e bebê precisam de cuidados especiais e vigilância constante. O parto necessita de especial atenção, principalmente para aquelas que fazem uso de insulina”, explica a ginecologista da maternidade potiguar, referência no estado em gestações de alto risco.

Sobre Diabetes

Trata-se de uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não a consegue usar de forma adequada. A insulina é um hormônio responsável pelo controle de quantidade de glicose no sangue. Sua ausência implica em nível alto de glicose no sangue – hiperglicemia –, podendo haver danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos. “A insulina controla a quantidade de açúcar no sangue, para ser usado como fonte de energia, e permite que o excesso de açúcar seja armazenado. Diabetes ocorre quando a quantidade de glicose no sangue é muito alta. Se não for tratado, os níveis elevados de glicose no sangue podem causar graves complicações de saúde”, explica Paulo Queiroz, da Meac-UFC.

O diabetes pode ser de tipo 1, tipo 2 ou gestacional. Na primeira, o sistema imunológico ataca por engano as células do pâncreas, fazendo com que pouca ou nenhuma insulina seja produzida. O do tipo 2, bem mais comum, ocorre quando o organismo tem sua produção de insulina progressivamente reduzida, associada à uma resistência à ação dela, no corpo. “O diabetes tem um componente genético e pode iniciar espontaneamente durante a infância ou adolescência (tipo 1), durante a vida adulta (tipo 2), ou durante a gravidez, chamado diabetes gestacional”, conclui Conceição Cornetta, da Mejc-UFRN.

Sobre a Ebserh

Estatal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh administra atualmente 39 hospitais universitários federais. O objetivo da Rede Ebserh é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações nas 50 unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.

Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh