Com o intuito de alertar a sociedade sobre o alto número de mortos e feridos no trânsito, organismos de diversos países se mobilizaram para criar o Maio Amarelo, um movimento internacional de conscientização, debate e avaliação de riscos sobre o comportamento de cada cidadão. Invariavelmente, acidentes dessa natureza sobrecarregam os serviços de ortopedia e traumatologia dos hospitais públicos no país. Preocupada com o fato, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), em conjunto com seus hospitais filiados, aderiu ao movimento.

Diversas unidades da Rede Ebserh oferecem tratamentos nessas áreas e são referência em suas respectivas regiões. Em Teresina, a estatal tem parceria com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) para atuar no Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí. A parceria visa estruturar os serviços de alta complexidade e de traumatologia.

Outro destaque da Rede Ebserh é o Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR). Em abril deste ano, o HC iniciou uma mobilização dos profissionais da unidade para atender a 600 consultas por mês. Essa ação fez parte de um mutirão de ortopedia de Curitiba (PR), cujo objetivo é zerar a fila da capital paranaense.

Fila que cresce em todo o país e que chama a atenção também para a quantidade de vítimas fatais. O Brasil apresenta uma taxa de 23,4 mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número de mortos nas estradas em todo o mundo pode chegar a 1 milhão por ano até 2030. De acordo com o órgão, essa projeção mundial de vítimas fatais de acidentes automobilísticos tem um peso maior nos países de baixa e média renda, grupo no qual justamente se encontra o Brasil.

Pesquisa no Ceará

Um estudo realizado em Fortaleza (CE) pelos pesquisadores Cristiano Cavalcante e José Alberto Leite analisou 312 prontuários de vítimas de acidentes com motocicletas. Desse total, 87,8 % eram do sexo masculino e 59,3 % possuíam idade até 30 anos. O principal local das ocorrências foi o interior do estado 238, com atendimentos predominando nos fins de semana, principalmente aos domingos.

Das 312 vítimas, 157 apresentavam algum tipo de fratura óssea, sendo 85 expostas. Os principais locais de fraturas foram a tíbia e o pé. Outro dado importante é o de número de vítimas que tiveram traumatismo cranioencefálico (TCE), totalizando 142 registros.

Chefe do Serviço de Traumato-Ortopedia do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará, filial da Ebserh, José Alberto Leite, explica o impacto do número crescente de vítimas. “Nosso HU é referência em transplante hepático. Mas grande parte dos doadores é composta por vítimas de acidentes de trânsito. Vivemos uma epidemia de acidentes no Nordeste”, ressalta o orientador da pesquisa.

Sobre a Ebserh

Estatal vinculada ao Ministério da Educação, a Ebserh administra atualmente 39 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações nas 50 unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.