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Médicos de Santa Maria operam recém-nascido ainda ligado ao cordão umbilical

SIMILE EXIT

Médicos de Santa Maria operam recém-nascido ainda ligado ao cordão umbilical

Bebê tinha a parede abdominal aberta e, portanto, parte do intestino exposto

Santa Maria (RS) – No início da gestação, uma mãe santa-mariense foi surpreendida com a notícia de que o filho tinha uma malformação congênita: gastrosquise. O bebê tinha a parede abdominal aberta e, portanto, parte do intestino exposto. Graças ao trabalho de uma equipe com cerca de 15 profissionais do Hospital Universitário de Santa Maria – entre anestesista, obstetras, neonatologistas, pediatras, cirurgiões e enfermeiros –, o menino foi operado assim que nasceu, ainda ligado ao cordão umbilical, na manhã da última quinta-feira, 23. A cesárea e a correção cirúrgica da malformação – inédita no HUSM – durou cerca de 1h.

A mãe, uma mulher de 24 anos, estava grávida do quarto filho quando, na 20ª semana de gestação, ficou sabendo que o menino apresentava a malformação congênita que atinge 4,6 a cada 10 mil recém-nascidos. Desde então, passou a ser acompanhada pela equipe da Medicina Fetal do HUSM. A cesárea foi realizada com 34 semanas de gestação.

A técnica chamada Simile Exit foi desenvolvida pelo cirurgião pediatra argentino Javier Svetiliza, há cerca de 10 anos. A primeira cirurgia desse tipo no Brasil ocorreu em 2014, em Salvador (BA). “Esse cirurgião criou um índice de redutibilidade para saber qual a chance de fazer a cirurgia logo no momento do nascimento. Por meio de exames de ultrassom – nós realizávamos a cada 15 ou 20 dias –, medíamos o tamanho do orifício herniário e a espessura da maior alça intestinal identificada. Se ultrapassasse 1,5, poderia haver sofrimento de alça (necrose do intestino). Se não houvesse, o melhor momento para retirar o bebê seria a partir de 34 semanas. Foi o que fizemos”, explicou o médico obstetra Francisco Gallarreta.

“Quando a cirurgia é feita em crianças em trabalho de parto, elas chegam a ficar dois ou três meses na UTI. Quando interrompemos a gestação, a criança fica, no máximo, 15 dias na UTI, o que diminui o risco de infecção”, disse a cirurgiã pediátrica Gabriela Zanolla.

Ligado ao cordão umbilical, o bebê respira por meio da mãe. “A circulação placentária mantém a criança viva, oxigenada pelo sangue do cordão. Ele está sendo oxigenado, por isso não precisamos entubá-lo”, explica Gabriela. Quando o cordão é cortado, a criança enche o pulmão de ar para dar o primeiro choro. Esse ar também vai para o intestino, o que aumenta seu volume e dificultaria colocá-lo, por meio do orifício herniário, na cavidade abdominal.

A gestante internou um dia antes para realizar a cesárea. Por volta das 9h de quinta-feira, ela estava no Bloco Cirúrgico onde recebeu anestesia geral para o procedimento. O menino nasceu com cerca de 2,3 kg. Entre a cesárea e a cirurgia do bebê, foram 55 minutos de procedimento, 8 deles dedicados ao recém-nascido. Após o procedimento, o bebê foi colocado em berço aquecido e internado na UTI Neonatal. Mãe e filho passam bem.

Sobre a Ebserh

Desde dezembro de 2013, o HUSM-UFSM é filiado à Ebserh, estatal vinculada ao Ministério da Educação que administra atualmente 39 hospitais universitários federais. O objetivo da Rede Ebserh é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.

Com informações do HUSM