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Bettina Ferro se torna o principal hospital transplantador de córnea do Pará

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Bettina Ferro se torna o principal hospital transplantador de córnea do Pará

O centésimo procedimento deste ano ocorreu na última semana

Belém (PA) – A falta de doadores impede o Pará avançar na redução do tempo de espera de uma pessoa que aguarda pelo transplante córnea. Porém, o Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (UFPA), tem contribuído para fazer essa fila andar. Para isso conta com os estados do Ceará, Santa Catarina e Rio Grande do Norte para realizar o procedimento. Este ano, o HUBFS já é considerado o maior transplantador do estado, com o total de cem transplantados até sexta-feira, 24. Um marco para a história de 24 anos do hospital, que realiza o procedimento desde 2011.

A Central Estadual de Transplante, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde (Sespa), estima que a fila de espera no território paraense esteja em torno de mil pacientes, com tempo médio de espera de dois a três anos. Se o estado contasse com mais adesão para a doação do tecido, a fila estaria zerada, semelhante a outros estados brasileiros, onde a pessoa aguarda até seis meses para o transplante.

Para o oftalmologista Jesu Sisnando, coordenador da equipe de transplantadores, ao longo de sua história, o Bettina conquistou duas metas: ser o primeiro hospital universitário a fazer transplante na Região Norte e, agora, tornar-se o principal transplantador. “A importância se dá porque o Bettina sozinho chegou aos cem transplantados. Para 2018, estima-se fazer 200 transplantes no HU, desde que se cadastre mais doadores”, estimou.

Formação

Sisnando ressalta a participação do hospital como espaço de formação de transplantadores, como aconteceu com o oftalmologista Oswaldo Frazão, ex-residência e agora membro da equipe. “Com isso, o Bettina está cumprindo o seu papel como instituição de ensino universitário federal, considerando que além de transplantar córnea, também forma transplantadores”, enfatizou.

Ele destaca também a participação do serviço da assistente social Eliza Monteiro, responsável pela supervisão da rotina do transplante, desde o cadastro até o acompanhamento pós-cirúrgico dos pacientes. Segundo ele, é a partir dela que se faz a intermediação entre a Central Estadual de Transplante (CET).

Doadores

A aposentada Maria Luiza Ferreira da Silva, 65 anos, sofreu uma úlcera no olho esquerdo depois de uma conjuntivite. Residente em Castanhal, ela foi a centésima paciente a receber córnea no Bettina. Ela relata que desde abril deste ano busca atendimento para a recuperação da visão.

A perda da vista levou a idosa a depender da nora e da filha para fazer atividades domésticas mais simples. Por isso, ela conta estar ansiosa ver o resultado do procedimento e que ser a centésima paciente no hospital a receber o tecido é só motivo de agradecimento. “Espero recuperar a minha vista, porque é difícil a gente não ver nada, a não ser vultos. Eu creio que voltarei a enxergar”, frisa.

Desde 1994, o Pará tem feito transplante de córnea e, até o final deste ano, chega a mais de três mil. Mas, se não fossem os mitos que gerados sobre a doação de órgão, o paraense poderia contribuir mais, para que outras pessoas voltem a enxergar, isso com o simples gesto de comunicar a família o desejo ser doador.

No Bettina Ferro, a equipe de transplantadores ainda conta com a oftalmologista Cristina Coimbra, além de residentes, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

Sobre a Ebserh

Desde outubro de 2015, o Complexo Hospitalar da UFPA é filiado à Ebserh, estatal vinculada ao Ministério da Educação, que administra atualmente 39 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações nas 50 unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.

Com informações do Complexo Hospitalar da UFPA