Notícias Notícias

Voltar

Saúde da população trans é debatida no Hospital Universitário de Brasília

Diálogo

Saúde da população trans é debatida no Hospital Universitário de Brasília

Roda de conversa teve o tema “saúde integral de pessoas trans, travestis e transgêneros”

Brasília (DF) –  “Eu não me via bem com o peito que eu tinha, porque ele representava toda a violência, preconceito e depressão que eu sofria. Ele estava me matando”, disse emocionado Murilo de Oliveira, homem trans que conseguiu fazer a retirada das mamas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em janeiro, aos 30 anos. A história de Murilo, contada por ele mesmo durante a roda de conversa “Saúde integral de pessoas trans, travestis e transgêneros”, mostra a importância de debater o assunto com toda a sociedade.

Esse foi o objetivo do evento realizado na sexta-feira, 2, no Hospital Universitário de Brasília da Universidade de Brasília (HUB-UnB), unidade filiada à Rede Ebserh. A roda de conversa reuniu 70 pessoas, entre estudantes, residentes, profissionais, pessoas trans e pessoas da comunidade e comemorou o Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro. “Estamos aqui hoje porque em 2004 um grupo de trans entrou no Congresso Nacional para reivindicar direitos. É um marco histórico para o movimento”, declarou a presidente da União Libertária de Travestis e Mulheres Transexuais (Ultra), Melissa Massayury. 

Os participantes debateram com especialistas a realidade, a história e os desafios relacionados à saúde de homens trans, à despatologização e às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e HIV/Aids. “O HUB está de portas abertas para receber pessoas trans e reforçar as ações de promoção à saúde integral dessa população”, afirmou a chefe da Unidade Psicossocial do HUB, Silvia Barros. Uma dessas medidas é ampliar a oferta dos serviços no hospital, por meio de parceria com o Ambulatório Trans da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF).

Hoje, o HUB conta com o Ambulatório de Gênero de Psicologia, que atende aproximadamente 120 pessoas trans, entre consultas individuais e grupos terapêuticos. “O ambulatório funciona há pouco mais de dois anos, mas o acesso a outros procedimentos pelo SUS ainda é muito difícil. No Centro-Oeste, por exemplo, nenhum hospital realiza a cirurgia de transgenitalização”, disse a psicóloga do ambulatório, Isabel Amora.

A residente do primeiro ano em psicologia, Laura Campos, foi ao encontro justamente em busca desse conhecimento. “A saúde pressupõe tratamento equânime para todos, e como a população LGBT pode ter demandas específicas, precisamos ter condições de tratar essa individualidade”, avaliou.

O evento foi realizado pela Ultra, em parceria com o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades do Distrito Federal (Ibrat-DF) e a Associação do Núcleo de Apoio e Valorização à Vida de Travestis, Transexuais e Transgêneros do DF e entorno (ANAVTrans), com o apoio do HUB e do Conselho Regional de Psicologia do DF.

Sobre a Ebserh

Desde janeiro de 2013, o HUB-UnB faz parte da Rede Ebserh. Estatal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh administra atualmente 39 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Rehuf, programa é financiado pelo MEC e pelo Ministério da Saúde e contempla ações nas 50 unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Rede Ebserh.

Com informações do HUB-UnB