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Pesquisadores da Ebserh participam de estudo que comprova fator genético em casos de microcefalia por Zika

Estudo

Pesquisadores da Ebserh participam de estudo que comprova fator genético em casos de microcefalia por Zika

Descoberta explica porque nem todas as grávidas expostas ao vírus têm bebês com microcefalia

Aracaju (SE) – Quando estava grávida, Bárbara Monteiro fez o primeiro ultrassom por volta dos seis meses de gestação e descobriu que seria mãe de gêmeos. Perto do nono mês, outro exame apontou que eram meninas: Sophia e Carol. No dia da cesariana, um profissional da equipe cirúrgica percebeu que as cabecinhas das crianças eram menores do que o normal: tratava-se de microcefalia. “Eu já havia visto na televisão o surto de microcefalia no Brasil. Cheguei a pensar que elas haviam nascido mortas. Na hora, a gente pensa um monte de coisa. Mas sorri e falei: ‘Está bem. São as minhas filhas’”, afirmou a jovem mãe.

O vírus Zika pode causar um dano significativo ao cérebro do feto, de acordo com estudos dirigidos por investigadores de faculdades de medicina de todo o mundo. Entretanto, a maneira como o vírus causa a microcefalia no feto depende de fatores genéticos. Essa descoberta foi resultado de um estudo conduzido por diversos pesquisadores de todo o país, que inclui dois profissionais do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), vinculado à Rede Ebserh.

A pesquisa, liderada pela Universidade de São Paulo (USP), examinou 91 bebês de vários estados brasileiros, incluindo nove pares de gêmeos que foram essenciais para a descoberta. Dentre os gêmeos, dois pares – um deles é acompanhado pelo HU-UFS – eram meninas monozigóticas (gêmeas idênticas) e os demais, dizigóticos (gêmeos diferentes).

“Sem os gêmeos, não podemos ver a forma como a síndrome congênita se apresenta diante de alguma determinação genética”, destaca a pesquisadora do HU-UFS, Ana Jovina, envolvida no estudo. Os pesquisadores notaram que todas as gêmeas idênticas tinham microcefalia; no caso dos gêmeos diferentes, por sua vez, apenas um par era concordante para a doença. Assim, reforçou-se a hipótese de que um componente genético aumenta o risco de desenvolver a síndrome.

Na conclusão da pesquisa, os cientistas conseguiram relacionar mais de 63 genes com expressões distintas em alguns bebês, gerando uma pré-disposição genética no feto que é posteriormente exposto ao vírus Zika. “Agora que sabemos que alguns fetos têm um risco maior de adquirir a microcefalia se forem expostos ao vírus durante a gestação, podemos pensar em políticas públicas para grupos distintos, o que será muito útil no caso de decidir quem tem prioridade para tomar, por exemplo, uma futura vacina”, explica Roque Pacheco, gerente de Ensino e Pesquisa do HU, outro pesquisador participante do estudo.

Políticas públicas futuras que poderão beneficiar pessoas como Bárbara, que mesmo com todas os sobressaltos, ama e protege seus bebês “As enfermeiras me elogiaram pela maneira como tratei as minhas filhas desde o primeiro dia. Elas me disseram que há mulheres mais velhas que entram em desespero. Eu já tinha a experiência de uma vida inteira cuidando da minha irmã, que é portadora de necessidades especiais”, contou Bárbara.

O artigo científico resultante da pesquisa foi publicado no início deste mês de fevereiro no periódico Nature Communications, um dos mais prestigiosos do mundo. Para ler a publicação (em inglês), clique aqui.

Sobre a Ebserh

Desde outubro de 2013, o HU-UFS é vinculado à Rede Ebserh. Estatal vinculada ao Ministério da Educação, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) administra atualmente 39 hospitais universitários federais. O objetivo da Rede Ebserh é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

A estatal, criada em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.

Com informações do HU-UFS