Uberaba (MG) – No mês de março, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro realizou três transplantes renais, quase 50 % do total de sete procedimentos registrados no primeiro trimestre de 2018. Desde o ano de 1.981, já são 216 transplantes de rins.

Uma das pacientes é Sebastiana Borges, de 69 anos, que mora em Sacramento (MG) e há quatro anos e meio passava por sessões de hemodiálise em Uberaba, três vezes por semana. “Estou feliz demais, esperançosa por ter de volta minha qualidade de vida, com a possibilidade de beber água à vontade”, relata a aposentada, cujo novo rim já apresenta sinais de funcionamento.

Selma Borges, 45, se emociona ao observar a recuperação da mãe. “Acompanhei durante todos esses anos as viagens para hemodiálise. Tive que deixar meu emprego, por isso. Hoje me sinto uma nova pessoa, renovada. O ato da família que permitiu a doação é muito bonito e muito importante. Mesmo num momento de dor, eles tiveram a grandeza de salvar vidas. Colocarei essa família em minhas orações para sempre”, afirma.

Outra transplantada mora em João Pinheiro (MG), tem 59 anos e há 12 fazia hemodiálise em Patos de Minas (MG). A paciente passa bem, mas ainda está em fase de estabilização renal. A filha, Maiara Nascimento, 28, também se emociona perante a expectativa de ver a saúde da mãe normalizada. “As limitações impostas pela insuficiência renal são muito sofridas. Por isso queremos que tudo termine bem. Será um enorme alívio para toda a família”, conta.

O terceiro caso foi registrado na primeira quinzena de março, com a segunda doação intervivos deste ano: de esposa para marido. Ambos moram em Uberaba. O órgão funcionou normalmente e tanto a doadora, de 35 anos, como o transplantado, de 57 (três deles em hemodiálise) já receberam alta.

Conscientização

Para o nefrologista Vilmar Marques, chefe da Unidade de Cirurgia Geral, Captação e Transplante do HC, ao superar a média de um transplante renal por mês, o hospital atinge uma produtividade expressiva e satisfatória, para uma cidade de médio porte.  

“É necessário conscientizar a população sobre a importância de se autorizar as doações a partir de recém-falecidos, a fim de estimularmos o aumento nesse número. O critério de seleção do receptor, nesses casos, é a melhor compatibilidade genética. Os procedimentos intervivos, por sua vez, são permitidos na legislação brasileira entre parentes consanguíneos até o quarto grau ou cônjuge, servindo de alternativa para reduzir o tempo de espera por um rim de doador morto”, explica Marques.

Quando previamente saudáveis, os doadores têm expectativa de vida normal após a cirurgia, complementa o médico. Já os transplantados seguem em acompanhamento ambulatorial contínuo, já que passam a utilizar imunossupressores para evitar a rejeição do órgão.

Sobre a Ebserh

Desde janeiro de 2013, o HC-UFTM faz parte da Rede Ebserh. Estatal vinculada ao Ministério da Educação, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) atua na gestão de hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do SUS, e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

A empresa, criada em dezembro de 2011, administra atualmente 39 hospitais e é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.