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Técnica de cirurgia de quadril do HU-UFMA acelera recuperação do paciente

Reabilitação

Técnica de cirurgia de quadril do HU-UFMA acelera recuperação do paciente

Hospital foi um dos pioneiros no Brasil e no mundo a introduzir o procedimento

São Luís (MA) – O Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), vinculado à Rede Ebserh, desenvolveu, por meio da equipe de cirurgia de quadril do Serviço de Traumatologia e Ortopedia, uma técnica otimizada de artroplastia total do quadril que acelera a recuperação do paciente. Denominada “fast track surgery”, a técnica reduziu o tempo médio de internação do paciente de sete para dois dias.

O procedimento consiste basicamente na identificação dos possíveis fatores que prolongam o tempo de internação hospitalar do paciente, e o que deve ser feito para atenuá-los ou evitá-los. A técnica foi iniciada no hospital em dezembro de 2016, a partir de tese de doutorado do ortopedista Raul Frankllim de Almeida, sob orientação de Liszt Palmeira de Oliveira, do Hospital Universitário da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Raul Almeida destaca que a cirurgia de artroplastia total do quadril é um dos procedimentos de maior índice de sucesso da história da medicina. Entretanto, o tempo médio de internação ainda é elevado, variando de oito a 12 dias em diferentes centros de referência de cirurgia do quadril do mundo. No HU-UFMA, antes da introdução da técnica, o tempo médio de internação era de sete a oito dias. “O nosso serviço foi um dos pioneiros no mundo a desenvolver a artroplastia total do quadril otimizada”, revela. O protocolo de cirurgia otimizada consiste na abordagem do paciente em três fases: antes, durante e após a cirurgia.   

Durante o pré-operatório, o foco é a educação do paciente e dos seus familiares. Atualmente, o candidato a esse tipo de cirurgia, recebe orientações sobre todas as etapas da cirurgia, são instruídos também sobre o que podem fazer e sobre o que não devem fazer após a cirurgia. É uma forma de desmitificar o procedimento.  “No momento em que fazemos isso, nos aproximamos um pouco mais deles. A relação médico-paciente fica mais amigável. Isso facilita também o pós-operatório”, reforça o ortopedista. Também são identificadas e tratadas doenças associadas como anemia, diabetes mellitus descompensada, infecção urinaria, dentre outras. 

Foram adotadas também algumas medidas com a finalidade de diminuir o trauma cirúrgico. Entre elas, a redução do tempo em que o paciente permanece em jejum. Segundo especialistas, o jejum prolongado está associado a maior catabolismo do organismo do paciente e aumento do estresse cirúrgico. O controle rigoroso da perda sanguínea é outro grande pilar do protocolo com a utilização de menores vias de acesso cirúrgico, preservação da anatomia e diminuição da agressão às partes moles. Outra medida para diminuir a perda sanguínea é a utilização de um medicamento que tem o objetivo de diminuir o sangramento, chamado ácido tranexâmico.  

Recuperação

Cerca de 60 pacientes já foram operados utilizando a técnica de cirurgia otimizada. Entre estes, a dona de casa Elcy Santos, 39. Portadora de artrose avançada do quadril direito e esquerdo, ela sofria com fortes dores que prejudicavam sua rotina há 12 anos. Precisou fazer cirurgia para os dois lados. A primeira foi realizada em junho de 2017 quando permaneceu internada por três dias; a segunda, no mês passado. “Fiz a última cirurgia em abril, numa quarta-feira, e na sexta-feira seguinte já recebi alta. A cirurgia foi tranquila, não senti náuseas, nem tonturas, nem dores. A recuperação está sendo maravilhosa, já coloco meu pé no chão, ando apenas com uma muleta. Sentia uma dor indescritível e hoje me sinto muito bem, com novas energias”, comemora. 

Para a viúva Mariana Moreira (77), a cirurgia trouxe muita esperança. Diagnosticada com artrose avançada, sofria há dois anos com dor intensa no quadril que lhe impossibilitam de andar. Fez sessões de fisioterapia, mas a solução estava mesmo associada à cirurgia. Operada há cinco meses do quadril esquerdo, vem periodicamente ao hospital para fazer o acompanhamento “Estou muito feliz com o resultado, sofria muito, era uma dor que não desejo a ninguém. Fiquei sem conseguir andar, e hoje já consigo me locomover, tomo meu banho só. Parece algo simples, mas para mim tem um significado enorme. Tive uma recuperação rápida e tranquila. Continuo fazendo minha fisioterapia e agora é só aproveitar essa minha nossa fase”.  

A grande diferença no pós-operatório é o trabalho em equipe. “Com a integração da enfermagem, da fisioterapia, da anestesia e da ortopedia a reabilitação tende a ser mais rápida, segura e mais barata. Para reforçar isso, foi criado um manual no qual descrevemos o que é essa cirurgia, quais são as indicações, quais os cuidados no pós-operatório, com ilustrações didáticas para facilitar o entendimento do paciente, da família, bem como, das demais equipes que trabalham conosco”, enfatiza o doutorando em cirurgia do quadril, Raul Almeida.    

Sobre a Ebserh

Desde janeiro de 2013, o HU-UFMA é filiado à Rede Ebserh. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rehuf) administra atualmente 40 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

A empresa, criada em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh. 

Com informações do HU-UFMA