Uberaba (MG) – Mais conhecimento sobre o tema prevenção de lesão por pressão e aprimoramento nos cuidados para evitar essas ocorrências. Esses foram os resultados de um projeto de pesquisa e extensão desenvolvido junto aos enfermeiros do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), vinculado à Rede Ebserh. O trabalho encerrou-se em maio deste ano, após 12 meses.

De acordo com a coordenadora da iniciativa, Thaís Stacciarini, os objetivos foram promover um curso sobre lesão por pressão e, posteriormente, comparar a qualidade das prescrições de enfermagem e a compreensão dos enfermeiros sobre o tema. O projeto está alinhado a uma das metas do Plano Diretor Estratégico 2017-2018: diminuir em 20% os casos de lesão por pressão no HC-UFTM.

O curso reuniu 95 enfermeiros (do total de 178) divididos em quatro turmas, durante agosto e setembro de 2017. Foram três aulas presenciais (fora do horário de serviço), além atividades a distância por meio da plataforma Moodle, totalizando 30 horas. “O conhecimento foi construído a partir dos problemas do cotidiano da instituição, levando em conta as experiências dos profissionais”, descreve Stacciarini, que também é chefe do Serviço de Educação em Enfermagem do HC.

Bolsista do projeto e graduanda em Enfermagem, Lúbia Santos conta que se candidatou à vaga por se tratar de um tema com o qual não tinha muito contato no curso. “O trabalho gerou muito conhecimento científico e prático, além de proporcionar uma vivência com os enfermeiros e o saber sobre como eles lidam com os problemas do dia a dia relacionados à lesão por pressão”, relata.

Resultados

A fim de avaliar as prescrições de enfermagem, o grupo de trabalho analisou dois itens: classificação de risco para desenvolvimento de lesão por pressão e cuidados indicados pelo enfermeiro para prevenir a ferida. Foram analisadas as prescrições de enfermagem de dezembro de 2016 (2.507) e de novembro de 2017 (1.606) de sete setores: Clínica Médica, Ortopedia, Neurologia, Onco-Hematologia, Unidade de Doenças Infecciosas e Parasitárias e Unidade de Terapia Intensiva Adulto e também a Coronária.  

“Após o curso, as prescrições de cuidados ficaram mais específicas e adequadas às propostas do protocolo institucional”, conclui a pesquisadora Aldenora Cordeiro. Quanto ao registro da classificação de risco para a lesão, o resultado não foi o esperado. Antes do curso, o diagnóstico foi realizado em 66,7% dos pacientes; após, em 59,2%. 

Para comparar o conhecimento, os profissionais foram submetidos a um teste de 41 questões antes e após a intervenção. Verificou-se que a média de acertos depois das aulas aumentou de 78,7% para 88,7%. “O conhecimento dos enfermeiros melhorou significativamente após a intervenção, porém a qualidade das prescrições de enfermagem não avançou na mesma proporcionalidade. Isso mostra que o conhecimento não é o único fator responsável pelo sucesso das boas práticas”, observa a coordenadora, “sendo necessário pesquisar a influência dos fatores motivacionais e atitudinais; recursos institucionais; sobrecarga de trabalho e cultura organizacional”.

O edital da Gerência de Ensino e Pesquisa do HC-UFTM, publicado em dezembro de 2016, financiou nove pesquisas com interface na assistência, disponibilizando duas bolsas mensais de R$ 400 por projeto - recurso financeiro oriundo do Sistema Único de Saúde (SUS).

​Sobre a Ebserh

Desde setembro de 2013, o HU-UFGD faz parte da Rede Ebserh. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) atua na gestão de hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do SUS, e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

A empresa, criada em dezembro de 2011, administra atualmente 40 hospitais e é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.