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HC-UFPE realiza procedimento inédito no Norte-Nordeste para tratar câncer em criança

Quimioterapia

HC-UFPE realiza procedimento inédito no Norte-Nordeste para tratar câncer em criança

Tratamento atuou diretamente em tumor no olho do paciente, evitando a cegueira definitiva

Recife (PE) – O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE), vinculado à Rede Ebserh, entrou para o seleto grupo de serviços de saúde do Brasil a realizar a Quimioterapia Intra-Arterial para Retinoblastoma (Quiare), procedimento para tratar tumor intraocular (retinoblastoma), que é mais comum em crianças. O paciente foi uma criança de apenas três anos que já havia operado o olho esquerdo, cuja doença evoluiu para o olho direito.

“Foi inserido um delicado cateter na artéria femoral na virilha, que penetrou seletivamente a artéria oftálmica, onde foi injetado o quimioterápico, permitindo altas concentrações na região do tumor ocular, sem os efeitos colaterais da quimioterapia sistêmica, endovenosa. O procedimento permitiu aumentar a chance de controle do novo tumor, evitando a cegueira definitiva dessa criança, caso a cirurgia do outro olho fosse realizada”, afirma a oftalmologista oncológica, Virgínia Torres, coordenadora do Projeto Quiare.

O HC tornou-se o quarto hospital no Brasil a realizar essa técnica, sendo o pioneiro no Norte-Nordeste – os outros três estão localizados em São Paulo e no Rio de Janeiro.  “Dessa forma, o HC-UFPE mantém a tradição de vanguarda no cenário nacional de Pesquisa em Saúde com aplicação médica”, lembra o chefe do Serviço de Radiologia Intervencionista do HC, Laécio Leitão, cuja equipe realizou o procedimento inédito na região. 

Recentemente, o hospital adquiriu uma câmara digital de campo amplo, que permite mais precisão na documentação inicial do retinoblastoma, bem como nas avaliações periódicas pós-tratamento. “Disponibilizamos ainda a crioterapia e o laser intraoculares durante o tratamento dessa doença, além da quimioterapia endovenosa (injeção na veia) e intravítrea (injeção no olho). Dessa maneira, atacamos esse tumor agressivo em várias frentes, inclusive com a recém-implementada terapia Quiare, colocando o HC no patamar dos principais centros a disponibilizar todas essas modalidades de tratamento em hospital público no país”, completa Virgínia Torres. 

O incremento do tratamento multimodal e multidisciplinar do retinoblastoma no HC conta com a parceria do Centro de Oncologia Pediátrica (CENOH-PE), sediado no Hospital Oswaldo Cruz, da Universidade de Pernambuco (UPE).

Retinoblastoma

O retinoblastoma é o tumor intraocular maligno mais frequente na infância, compreendendo 10 a 15% dos cânceres que ocorrem no primeiro ano de vida. Um estudo mais recente do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revela incidência duas vezes maior do retinoblastoma no Brasil, em comparação com os Estados Unidos (EUA) e Europa. As taxas de sobrevida do retinoblastoma também diferem entre países com diferentes graus de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A diferença é explicada pelo retardo do diagnóstico e a falta de Centros de Referência para encaminhamento do paciente e acesso a todas as modalidades do seu tratamento. 

O aparecimento do câncer está relacionado a mutações na célula da criança acometida e pode acometer um ou ambos os olhos.  A forma mais comum de apresentação clínica é a leucocoria (75%), chamada também de “olho de gato”, seguida de estrabismo. O diagnóstico da lesão é feito pelo pediatra ou oftalmologista por meio da fundoscopia (exame de fundo do olho) e ultrassonografia ocular.

Sobre a Ebserh

Desde dezembro de 2013, o HC-UFPE é filiado à Rede Ebserh. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) administra atualmente 40 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

A empresa, criada em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.