O Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh, ao lado da Faculdade de Medicina, é um dos 20 centros brasileiros que participarão dos testes de uma candidata a vacina contra o novo coronavírus. A Anvisa publicou, na última terça-feira (18), a aprovação para condução de um ensaio clínico que estudará uma potencial vacina denominada Ad26.COV2.S, composta de um vetor recombinante, não replicante, de adenovírus tipo 26 (Ad26), construído para codificar a proteína S (Spike) do vírus SARS-CoV-2. A autorização foi solicitada pela Janssen-Cilag, divisão farmacêutica da empresa norte-americana Johnson-Johnson. A UFMG participa do estudo por ser integrante da rede Covid-19 Prevention Network (CoVPN), por meio da Faculdade de Medicina, criada para oferecer respostas à pandemia do novo coronavírus.

Além da autorização da agência, o início dos testes no Brasil ainda aguarda a aprovação pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão do Ministério da Saúde, e das comissões de ética dos centros participantes no caso do HC, a UFMG. Segundo o professor da Faculdade de Medicina da UFMG e imunologista do HC, Jorge Andrade Pinto, líder da equipe que conduzirá o estudo na instituição, a previsão é iniciar a pesquisa na segunda quinzena de setembro.  

Deverão ser recrutados cerca de mil voluntários. Terão prioridade os profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra a Covid-19, entre eles os trabalhadores do Hospital das Clínicas. Essas pessoas passarão por uma análise de perfil e avaliação médica e, sendo elegíveis, receberão a dose – única - da vacina e serão acompanhados por cerca de dois anos.  

A vacina 

O ensaio clínico aprovado é um estudo de fase 3, randomizado (quando metade dos voluntários recebe a vacina e a outra metade, um placebo), duplo cego, , para avaliar a eficácia e a segurança de Ad26.COV2.S na prevenção de Covid-19 em adultos com 18 anos ou mais (código do estudo: VAC31518COV3001). Será uma dose única da vacina ou placebo. O estudo prevê a inclusão de até 60 mil voluntários, sendo sete mil no Brasil, distribuídos em diversas regiões do país (nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte).  

A rede Covid-19 Prevention Network (CoVPN) foi criada pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA (National Institute of Allergy and Infectious Diseases, NIAID) para oferecer respostas à pandemia do novo coronavírus e conduz estudos  em vacinas e anticorpos monoclonais para combater o vírus.